Por Joâo Sanda de Miranda "Poêta do Uíge"
Nada sou!
Quem sou eu?
No olhar ignorante dos homens, o vosso desprezo
solta gargalhadas no silêncio dos meus passos!
Nesta vida sem graça!
Nesta desgraçada!
De nada vale a minha inútil presença no vosso seio,
no olhar desprezo que sempre conjugando os
verbos ser e ter no futuro imperfeito! “Eu serei, eu terei”
Quê desgraça! o mundo não me reservou nem
sequer um espaço fértil para cultivar o amor!
Eu nunca percebi qual é a razão da minha desgraça,
afinal! Colocaram no meu coração a palavra África!
Sou África, meu corpo Etíope e o meu coração
Addis-Abeba!
Sou a fundação sem erguer-dura das paredes!
carrego comigo toda vossa dor!
Toda a vossa angústia e todas as lamentações!
No olhar triste do meu povo sem graça e
sem abrigo! Vivendo deambulando lado à lado
com a mão no gatilho.
De trouxas esfarrapadas de velhos tecidos sempre
acorrentadas nesta desgraça!
Aqui esta a razão do meu desespero!
Já esperei tanto!
Mas,
nem do Céu caiu a chuva de bênção que alimenta-se
a minha fertilidade nas ricas terras para o cultivo!
Já suportei tanto! Já esperei tanto!
Vejo muitas estrelas a brilhar no Céu, mas, não há
nem uma luz que brilha para iluminar a minha esperança!
No esclavagismo, independência alimentava a minha
ansiedade que, hoje tornou simples alimento
em acumulação de riquezas para alguns que
soltam gargalhadas no meu desespero.
João Sanda “De Miranda”, 06.08.2013.
Via facebook/ANADAMBA